Dormir bem é um dos pilares da boa saúde, mas, para muitas pessoas, o descanso noturno está longe de ser reparador.
O ronco e a apneia do sono são distúrbios respiratórios comuns que afetam milhões de brasileiros, muitas vezes de forma silenciosa, comprometendo a qualidade do sono e, consequentemente, a saúde geral.
Mais do que um incômodo noturno, esses problemas podem representar riscos sérios à saúde torácica, cardiovascular e metabólica, exigindo atenção médica e diagnóstico precoce. Entender seus sintomas e causas é o primeiro passo para prevenir complicações e recuperar o bem-estar.
Neste artigo, você saberá quais são os sinais de alerta, os principais sintomas, os riscos e os tratamentos disponíveis no campo da cirurgia torácica para apneia e ronco. Confira!
O que é a apneia do sono?
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio caracterizado por interrupções repetidas na respiração durante o sono, geralmente causadas pelo colabamento das vias aéreas superiores. Essas pausas podem durar de alguns segundos a mais de um minuto, ocorrendo várias vezes por hora.
Na prática, é como se o corpo sofresse repetidas faltas de oxigênio, o que leva o cérebro a “acordar” brevemente para restabelecer a respiração.
Esse ciclo de despertares frequentes impede o sono profundo e restaurador, mesmo que a pessoa não perceba.
O ronco é o sinal mais comum e visível desse problema. Embora muitas pessoas o tratem como algo “normal” ou apenas incômodo para quem dorme ao lado, ele pode ser um alerta de que algo está errado no sistema respiratório.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto do Sono, em São Paulo, indicou que 32,9% dos paulistanos sofrem com apneia do sono. O resultado disso é um sono fragmentado, muita sonolência diurna, alterações da memória e humor e cansaço extremo.
No mundo, a estimativa é que mais de 1 bilhão de pessoas, entre 30 e 69 anos, sofram de apneia obstrutiva do sono.
Como o ronco e a apneia afetam a saúde torácica?
Durante os episódios de apneia, o esforço para respirar aumenta e o ar encontra resistência nas vias aéreas parcialmente obstruídas. Esse esforço repetitivo gera sobrecarga nos músculos respiratórios e no sistema torácico, que precisa trabalhar intensamente para compensar a falta de oxigênio.
Com o tempo, essa sobrecarga pode causar ou agravar problemas como:
- Hipertensão arterial e doenças cardiovasculares;
- Alterações na função pulmonar;
- Comprometimento da função cognitiva e da memória;
- Risco aumentado de arritmias e insuficiência cardíaca.
A apneia do sono, portanto, não é apenas um distúrbio do sono, mas um problema de saúde que afeta diretamente o sistema respiratório e cardiovascular, impactando a qualidade de vida e a longevidade.
Fatores de risco e causas
A apneia do sono pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em homens acima dos 40 anos, especialmente aqueles com sobrepeso ou obesidade. Outros fatores que aumentam o risco incluem vias aéreas estreitas, desvio de septo, tabagismo, consumo de álcool e histórico familiar.
O diagnóstico da apneia do sono começa com uma avaliação clínica detalhada. O médico investiga sintomas como ronco alto, pausas respiratórias observadas pelo parceiro, sonolência excessiva durante o dia, dor de cabeça matinal e dificuldade de concentração.
O exame de referência é a polissonografia, realizada em laboratório ou com aparelhos portáteis. Ela monitora o sono durante a noite, registrando a oxigenação, os movimentos respiratórios, a frequência cardíaca e as interrupções da respiração.
Com base nesses dados, é possível classificar a apneia como leve, moderada ou grave e definir o melhor tratamento.
Tratamentos e o papel da cirurgia torácica
O tratamento da apneia do sono varia conforme a gravidade e as causas do problema.
Em casos leves, mudanças no estilo de vida, como perda de peso, redução do consumo de álcool e dormir em posição lateral, podem trazer grande melhora.
Nos casos moderados e graves, o uso do CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) é considerado o padrão recomendado.
Esse aparelho mantém as vias aéreas abertas durante o sono, evitando os episódios de apneia e melhorando imediatamente a oxigenação e a qualidade do descanso.
Entretanto, existem situações em que a apneia está relacionada a alterações anatômicas ou obstruções estruturais, e é aí que a cirurgia torácica e as cirurgias de vias aéreas superiores podem ser indicadas.
O cirurgião torácico atua principalmente nos casos em que há colapso das vias respiratórias inferiores, tumores, deformidades da parede torácica ou outras condições que comprometem o fluxo de ar.
Além disso, a avaliação pulmonar e torácica é essencial antes de indicar qualquer tratamento, já que doenças pulmonares não diagnosticadas podem agravar o quadro de apneia.
Nos últimos anos, técnicas minimamente invasivas e robóticas têm se destacado nestes casos, permitindo correções anatômicas com menor dor, uma recuperação mais rápida e excelente controle respiratório no pós-operatório.
Consequências de não tratar a apneia
Ignorar o ronco e a apneia do sono é subestimar um problema de saúde com potencial grave. A falta de tratamento adequado pode levar a:
- Hipertensão resistente ao tratamento;
- Acidente vascular cerebral (AVC);
- Infarto do miocárdio;
- Distúrbios metabólicos, como resistência à insulina e diabetes;
- Comprometimento pulmonar progressivo.
Essas complicações são preveníveis com o diagnóstico e acompanhamento médico adequados. O tratamento precoce reduz o risco cardiovascular e melhora o desempenho físico, mental e respiratório do paciente.
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