Malformações congênitas no pulmão

Conheça os principais tipos de malformações congênitas no pulmão, os problemas respiratórios decorrentes, sintomas e diagnósticos

Veja também: Deformidades Congênitas da Parede Torácica

Malformações congênitas no pulmão
Malformações congênitas no pulmão.

As malformações do pulmão fazem parte de um espectro de lesões que têm origem ainda no período embrionário, ou seja, até o momento da décima segunda semana de gestação. Mesmo com o avanço da tecnologia, que tornou mais fácil a identificação desses problemas nos estágios iniciais da vida, na maioria dos casos essa condição só é descoberta após muitos anos.

Os indivíduos que nascem com essas malformações pulmonares apresentam, em geral, problemas respiratórios. Em muitos casos, no entanto, essas pessoas vivem assintomáticas durante um longo período e esses sintomas só aparecem muitos anos depois. Quando esse diagnóstico é feito de forma tardia, torna-se mais fácil que os pacientes apresentem algum tipo de complicação no quadro (como, por exemplo, infecções pulmonares).

As malformações atingem cerca de 35 pessoas a cada 100.000 habitantes por ano ou 0,06-2,2% dos pacientes internados em hospitais gerais. Estima-se que 10% dos casos sejam reconhecidos no nascimento e que outros 14% sejam diagnosticados até os 15 anos de idade.

Confira os principais tipos de malformações congênitas:

Sequestro pulmonar

O sequestro pulmonar é caracterizada pela presença de um tecido pulmonar normal e um não funcionante, sem que esteja conectado com a árvore brônquica e suprimento arterial da circulação sistêmica. É possível classificar o sequestro em dois grupos, divididos de acordo com sua localização: extralobar ou intralobar. Há também um terceiro tipo, a malformação broncopulmonar do intestino primitivo, em que o trato gastrointestinal é ligado ao pulmão anormal.

Para que fique mais claro: o sequestro pulmonar extralobar conta com um pulmão acessório que é recoberto por pleura visceral e separada do pulmão funcionante. Já o sequestro pulmonar intralobar é recoberto por tecido pulmonar normal ou por segmento de pleura visceral do lobo pulmonar.

Os indivíduos que têm sequestro acabam indo para ressecção, já que essa malformação é responsável  por cerca de 1,8% de todas as ressecções cirúrgicas.

As lesões geralmente são tratadas através da ressecção do sequestro pulmonar (sequestrectomia) ou lobectomia pulmonar, dependendo do tipo, do momento em que o diagnóstico foi feito e das complicações que podem estar acontecendo.

Nos casos de pacientes sem sintomas e com sequestro extralobar, pode-se somente acompanhar, já que não existe até hoje nenhum relato de degeneração maligna nessa condição. Nesses casos, geralmente a cirurgia escolhida é a sequestrectomia.

Malformação Adenomatóide Cística (MAC)

A malformação adenomatóide cística (MAC) de pulmão é responsável por cerca de 30% das malformações pulmonares congênitas, apresentando um risco de insuficiência respiratória no nascimento em uma média de 30% dos casos. A MAC é um tipo de lesão que pode ser diferenciada das outras malformações por contar com aumento da musculatura lisa e do tecido elástico nos cistos, polipoides da mucosa, falta de cartilagem nas massas e a existência de células secretoras de muco.

Há evidências de que essas lesões começam a aparecer entre a 5ª e a 22ª semana de gestação. Os pesquisadores geralmente diferem suas opiniões em relação ao motivo delas aparecerem, já que alguns acreditam que seja devido a um desenvolvimento anômalo na maturação pulmonar e outros acreditam que seja uma representante de uma displasia focal pulmonar, uma vez que é possível conferir o músculo esquelético e carcinomas nessas lesões.

Os sintomas mais comuns nesses pacientes são as infecções de repetição, pneumotórax, hemotórax e hemoptise. Dos pacientes que apresentam a malformação, apenas um pequeno número de pacientes apresenta uma forma mais agressiva em que há lesão expansiva de crescimento rápido, podendo levar a óbito intrauterino. A ultrassonografia é uma boa forma de identificar esse tipo de lesão e deve ser feita caso exista suspeita.

A intervenção cirúrgica associada à hidropisia é a melhor forma de tratamento na fase pré-natal. Nos casos em que há gestações múltiplas, presença de outras anormalidades e fatores maternos ou psicossociais complexos, no entanto, pode não ser efetivo. Mesmo assim, quando o procedimento é feito durante o período fetal com uso de cirurgia aberta é possível ter uma sobrevida em 50% dos casos. Quando o procedimento é realizado durante o parto cesariano, com a presença do cordão umbilical, a sobrevida é ainda mais satisfatória e se aproxima a 90%.

Enfisema lobar congênito

O enfisema lobar congênito, também conhecido como hiperinsuflação pulmonar infantil, é uma malformação pulmonar rara que ocorre apenas uma vez a cada 30 mil nascimentos. A principal característica dessa malformação é a hiperinsuflação de um lobo pulmonar por aprisionamento aéreo, resultando em distensão do lobo e provocando a compressão dos demais.

Essa malformação pode se apresentar de diversas maneiras, sendo possível encontrar casos mais leves, apenas com disfunção ventilatória. Outros, mais graves, podem apresentar insuficiência respiratória aguda e infecções pulmonares de repetição.

Em alguns casos o enfisema lobar congênito é assintomático, mas já é observado que a grande maioria dos indivíduos apresenta sintomas antes dos seis meses de vida - destes, 50% são diagnosticados com a malformação no primeiro mês. O enfisema pode ser diagnosticado no período pré-natal pela ultrassonografia, o que torna possível a diminuição espontânea de volume e até mesmo o desaparecimento das lesões.

Essa malformação é duas vezes mais comum em homens do que em mulheres e acomete com mais frequência o lobo superior esquerdo. Geralmente, o tratamento indicado é através da cirurgia, sendo ela a lobectomia por toracotomia ou videoassistida.

Malformação arteriovenosa

As malformações arteriovenosas (MAVs) geram sintomas como cianose, dispneia, fadiga, baqueteamento digital e policitemia. Grande parte dos pacientes não apresenta esses sinais, já que entre 25-40% dos casos são sintomáticos. O diagnóstico geralmente é feito por volta dos 41 anos, ocorrendo 2 ou 3 casos a cada 100.000 indivíduos. A maior incidência é nos lobos médio e inferior esquerdo.

Para diagnosticar a doença e encontrar a melhor forma de tratá-la, é preciso realizar a angiografia. Complicações relacionadas às MAVS geralmente envolvem a perda da função filtrante pulmonar, já que isso permite que bactérias e êmbolos consigam passar para a circulação sistêmica, podendo gerar, consequentemente, embolias, abcessos cerebrais ou sangramento de vasos.

O tratamento das MAVs pode trazer melhoras nos sintomas de dispneia, prevenir a hemoptise e ainda evitar as complicações neurológicas que podem ser causadas por essa malformação.

Para fazer esse tratamento, é preciso de ressecção pulmonar ou embolização, dependendo de onde a lesão está localizada e da quantidade delas. Nos casos em que é feita a embolização, os resultados iniciais são excelentes e geram resolução em torno de 80-100% dos casos, mas é possível que o problema tenha reincidência.

Saiba mais

Se você deseja saber mais sobre malformações congênitas no pulmão, continue acompanhando o trabalho da Cirurgia Torácica do Vale, grupo de médicos especialistas que atuam nos principais hospitais da região.

 

Veja também: Pulmão virtual mostra estruturas internas do órgão em movimento

Tumores pulmonares benignos

Características dos tumores benignos Causados por um crescimento anormal de células do próprio corpo, os tumores são lesões que também podem ser chamadas ...

[Leia mais]

Timoma

Comum em pessoas com mais de 50 anos, o Timoma é um tumor raro que surge no timo. O Timoma é um dos tumores que afeta a região torácica. Logo, é crucial que os p...

[Leia mais]

Hemoptise

Classificação da hemoptise A hemoptise é classificada como pequena (não maciça) num volume abaixo de 100 ml e maciça (volumosa), com perda de sangue que p...

[Leia mais]